segunda-feira, 29 de junho de 2009

Versos para os Pais lerem aos Filhos em Noites de Luar


Dorme, menina, dorme
no meu colo descansada que a noite já vai alta
com mil estrelas enfeitada.

Dorme , menino, dorme
e deixa-me o teu feitiço
para os diabos do sono
de vez levarem sumiço.

José Jorge Letria

6 comentários:

Mário disse...

É muito bonito o poema, mas para mim, a Estrela d´Alva do Zeca Afonso é a canção de ninar mais pungente, doce e terna:

Aqui fica, sem a música e a voz, portanto mais pobre.

Dorme meu menino a estrela d’alva
Já a procurei e não a vi
Se ela não vier de madrugada
Outra que eu souber será p’ra ti

Outra que eu souber na noite escura
Sobre o teu sorriso de encantar
Ouvirás cantando nas alturas
Trovas e cantigas de embalar

Trovas e cantigas muito belas
Afina a garganta meu cantor
Quando a luz se apaga nas janelas
Perde a estrela d’alva o seu fulgor

Perde a estrela d’alva pequenina
Se outra não vier para a render
Dorme qu’inda a noite é uma menina
Deixa-a vir também adormecer.


Fico sempre comovido quando ouço esta música, bem como a Balada de Outono, das coisas mais singelas e dramáticas que se escreveram.

Mário disse...

Fica uma outra, de um autor de que não me recordo o nome:

Meu filho
Meu menino
Envolvo-te nos braços
E embalo-te
Tranquilamente
Aperto-te fremente
E falo-te
No regaço
Do destino

E só não choro
Porque se me embarga a voz
E porque tenho medo
Que chores também
E não quero acordar a tua mãe
Haja decoro!

É um segredo
Que fica apenas entre nós.

Meu filho
Meu menino
És a minha permanência
A minha eternidade
A razão da minha existência
A minha liberdade.
Adormecer-te é um hino
Como cantar-te canções de ninar.
E deixo-te quente e aconchegado
Já de olhos fechados
(Quem me dera para sempre aqui ficar).

Saio do teu quarto
Como quem sai de um parto
Cautelosamente
Nostalgicamente
Confundido entre sentimentos
Ambivalentes
E só no corredor posso chorar
De alegria e de lamento
De tristeza
Melancolia e incerteza.

Só no corredor me posso lamentar
Porque me sei finito
E o tempo, esse passa, maldito,
(Quem dera fosse de gesso!)

Mas as lágrimas traem os autores
E eu sei que conheces as minhas dores.
Enquanto dormes
Placidamente
Meu filho, meu menino
A minha alma perde as cores
Do torvelino
Porque inexoravelmente
Segundo a segundo
Gira o mundo

Eu envelheço

E um dia não estou cá
para te ninar.

Carmo disse...

Que bonitos!
Não conhecia
Obrigada

Susete disse...

Temos muitas saudades suas :)
Muitos beijinhos da família Gonzaga.

Susete

Carmo disse...

Sexta-feira lá estarei, aproveitamos e damos cabo das saudades. Vai ser uma festa!!!

Teresa disse...

Também eu estou ansiosa!!

Hoje, particularmente, lembrei-me muito de si Carmo e das (algumas) boas conversas que tivemos há uns anos (poucos) atrás...

Que pena não haver "clones" seus espalhados pelas outras escolas!!!

Tenho sentido na pele a diferença, acredite, e fico feliz por o Tiago ainda ficar aí mais um ano :-)