Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que não se pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.
Álvaro de Campos
Como num cofre que não se pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.
Álvaro de Campos
6 comentários:
Obrigada Tia Cácá,
Pais do Mi
É tão bonito, não é?
Muitos beijinhos
Já estavamos com saudades suas e das poesias para pais... um beijo grande da Madalena e pais :)
Também gosto muito destes mimos que aqui nos vai deixando!
um grande beijinho em triplicado!!!
Para que serve o coração? Não pode ser apenas para bombear sangue daqui para ali e dali para aqui - para tal, bastaria uma bomba artesanal, das muitas que existem um pouco por todo o lado, em qualquer local, em qualquer mercado.
Não! O coração é um vasto repositório de sentimentos e emoções, lamentos, ferimentos e seduções, amores e trambolhões. O coração é mais do que coronárias obstruídas por colesterol, é o alter ego do sol, um espaço de conquista, de reflexão, de benção de artistas em fim de estação.
O coração é o ritmo da Mãe, é a razão de ser do bem, ou do mal, por vezes... e à sede dos revezes e das vitórias, a biblioteca das memórias sentidas, das histórias vividas, das taquicárdias a meio da noite, do estímulo para que um se afoite, do drama, da trama, da chama, e da emoção.
O coração é a vida. Daí a razão porque é sentido, vivido, sofrido. Porque o coração tem aurículas, ventrículos, ou aspectos ridículos, como as cordas tendinosas, e também válvulas e septos, trabéculas e foramens. Mas talvez por isso destile afectos, coisas belas ou horrorosas, e peça "amén" aos seres crentes e rectos.
O coração somos nós. Batemos, tum-tum, tum-tum, sempre nostálgicos do útero que nos deu guarida. A algumas dezenas de pulsações, vinte e quatro horas por dia, numa vida. Mesmo quando não vamos para lado nenhum, e apenas aguardamos a mais final das soluções. Tum-tum, tum-tum, tum-tum, tum-tum...
Pai Mário,
estava inspirado, que bonito!
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