domingo, 17 de maio de 2009

Versos para os pais lerem aos filhos

Com versos feitos de sono
é que eu te faço sonhar
que és golfinho e rouxinol
ou peixe de prata a brilhar.
E cada linha que tu lês
é perfeita como o traço
de um pintor que te envolve
com as cores de um abraço.

9 comentários:

Mário disse...

A luz
que me seduz
é tudo, afinal,
do ventre materno
ao gemido final,
do gesto mais terno
ao fim mais brutal.

A luz
que me seduz
é qualquer uma,
até uma coisa nenhuma,
desde que me ilumine
a razão,
e me encaminhe
na escuridão.

Carmo disse...

A luz é como o mar aquece a alma.

Mário disse...

Não é por acaso que "mar" e "amar" têm fonéticas parecidas e rimam.
Se Terra é Mãe, Mar é quê?

Engraçado, porque se nos referimos ao mar como entidade masculina, já os franceses dizem "la mer". Os ingleses usam um descomprometido "the sea", os alemães, italianos e espanhóis em termos masculinos. Como explicar esta diferença?

Carmo disse...

Ávido de Luz, certo?

Catarina disse...

A palavra mar em espanhol até tem os dois géneros. Masculino e feminino. Interessante, não é?

A propósito de mar, escreveu Sophia de Mello Breyner LUSITÂNIA.

Os que avançam de frente para o mar
E nele enterram como uma aguda faca
A proa negra dos seus barcos
Vivem de pouco pão e de luar.


Poucos versos foram precisos para dizer tanta coisa.

Mário disse...

Carmo: Ávido de Luz, acertou!
Catarina: o que me intriga é o porquê da atribuição do género a uma coisa grandiosa como o Mar. A Terra, creio que ninguém designará por "o". Idem com a Lua, mesmo que alguns adoptem artigos indefinidos. Mas o Mar? A Mar, se calhar...

Elisete disse...

Por favor, não queiram alterar nada. Já chega de acordos ortográficos. Além disso, na minha opinião, o mar é mesmo uma entidade masculina. Para mim, entre outras coisas mar é sinónimo de força e a força sempre foi apanágio do lado masculino. Embora todos saibamos que isto não é verdade, o mundo não seria o mesmo se isto fosse assumido.
Já que estamos a falar de géneros e acordos ortográficos, gostava muito de saber a vossa opinião sobre essa coisa do “bué”. Digo ao Miguel para não dizer “bué” (o que também não faz assim tantas vezes) e explico que deve dizer “muito” e ele responde que os meninos na escola dizem e que os Pais deles não se importam e claro que a conversa termina sempre com “Paciência, meu filho, mas calhou-te esta Mãe.”

Catarina disse...

Quanto ao acordo ortográfico, o mais importante é que entendamos que ao longo dos séculos a maneira como as palavras se escrevem foi mudando. Não me parece que fiquemos chocados ao pegarmos num livro de literatura portuguesa do início do século XX ou fins do século XIX e verificarmos que há imensas palavras que se escreviam de modo diferente. Dou três exemplos:
"actuaes"
"circumstancias"
"auctorisação"

Antes não era melhor nem pior. Era diferente. Havia uma menor relação entre a grafia e a pronúncia.
Agora quer-se que a escrita se aproxime da maneira como dizemos as palavras.
Quanto ao "bué", o mais importante é mostrar aos mais novos que este tipo de linguagem não pode, nem deve ser usado em todos os contextos e situações.
Eu própria usava isso "buédavezes!!" e não escrevo nem falo pior por isso.

Mário disse...

Acho que a Língua evolui de acordo com a realidade. O meu Pai ainda, por vezes, escrevia "pae" e mai", com trema no "i".
Os puristas da Língua não devem assumir-se como guardiães da verdade, porque não existe uma. A comunicação é o que é, e muda com a realidade social e contextual - geralmente, estas mudanças tendem a privilegiar a facilidade comunicacional.
Cada um fala e escreve como quer, e os outros gostarão ou não - algumas regras gramaticais, e o resto vai-se adaptando.

Pessoalmente, prefiro tentar escrever o melhor português que puder, sem erros evidentes, mas admito que também uso palavras como SOS, OK, "logo mailo-te o documento", "vou printar uma coisa" e exemplos similares.

Quem nunca deu um pontapé na Gramática ou no prontuário, que atire a primeira pedra!

PS. isto para dizer a Elisete que digo aos meus filhos não gostar da palavra "bué", e se eles, comigo, puderem fazer um esforço (que fazem) para usar outra, agradar-me-ão. Já o "fogo" e o "fônix" bulem-me com os nervos, mas isso eles nem se atrevem, porque disseram uma vez e devo ter feito um esgar que perceberam que me matariam de enfarte do miocárdio se repetissem a graça...