domingo, 6 de julho de 2008

Casamento na Aldeia

Neste passeio cultural por Portugal, descobrimos e aprendemos coisas muito diferentes: História de Portugal, geografia, fauna, flora, gastronomia, hábitos e costumes de diferentes regiões. Tradições e lendas, escultores, músicos e pintores...
Sarah Afonso (1899-1983): Casamento na aldeia; óleo s/tela

Sarah Afonso gostava de pintar cenas que se lembrava da sua infância no Minho. Pintava com cores alegres e vivas procissões e festas, com tanto cuidado e pormenor que não se esquecia das flores, das rendas, dos bordados, da banda da música e dos carros de bois. Lembrámo-nos desta pintura, é tão bonita!

Externato Santa Maria do Mar

4 comentários:

Francisca Prieto disse...

Para os meninos que não sabem, a Sarah Afonso era mulher do Almada Negreiros - um grande pintor e poeta português do século XX.

Quando era jovem era pintora mas depois de se ter casado com o Almada Negreiros achou que o marido era um pintor tão genial que não valia a pena ela continuar a pintar porque pintava muito pior do que ele.

Mas quando as contas lá de casa apertavam ela bordava almofadas com motivos minhotos para vender.

É que os pintores nem sempre conseguem vender os seus quadros, mesmo quando são muito bons.

A tia Xica sabe isto porque leu um livro muito giro chamado "Conversas com Sarah Afonso".

Vidas de Colégio disse...

E que pena Sarah Afonso ter deixado de pintar, pintava quadros tão bonitos. Mas a tia Xica tem razão ela resolveu deixar de pintar porque sentiu que não tinha espaço.O Almada Negreiros ocupava muito espaço artístico e físico e ela sentia que nem um cantinho da casa tinha para si. Deixou de pintar e ficou triste, muito triste, porque deixou de fazer uma coisa que gostava muito. Não devemos deixar de fazer o que gostamos, é bom estar contente, muito contente!
Beijinhos
Tia Cácá

Mário disse...

de Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.
O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.


Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.


O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

Francisca Prieto disse...

Já que estamos em maré de poesia e a conversar sobre os Orpheus, não resisto a mandar 2 excertos de "A Invenção do Dia Claro" de Almeida Negreiros.
Quando lemos estes textos, parece que através das palavras viajamos por uma pintura. Eu gosto do A. Negreiros por isso. Pinta a escrever.

"Mãe! a oleografia está a entornar o amarelo do deserto por cima da minha vida. O amarelo do deserto é mais comprido do que um dia todo".

"Mãe! Vem ouvir a minha cabeça contar histórias ricas que ainda não viajei. Traze tinta encarnada para escrever estas coisas! Tinta cor de sangue, sangu! verdadeiro, encarnado!
Mãe! passa tua mão pela minha cabeça! Eu ainda não fiz viagens e a minha cabeça não se lembra senão de viagens! Eu vou viajar. Tenho sede! Eu prometo saber viajar.

Quando voltar é para subir os degraus da tua casa, um por um. Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa. Depois venho sentar-me a teu lado. Tu a coseres e eu a contar-te as minhas viagens, aquelas que eu viajei, tão parecidas com que as que não viajei, escritas ambas com as mesmas palavras."

Pois é (e isto agora é a tia Xica quem diz, já não é o mestre Almada), tão bom ou melhor do que viajar a sério é viajar na nossa imaginação porque podemos ir mais depressa que o Concorde para lugares distantes, onde os gelados têm sempre 10 bolas, os palhaços não são ricos nem pobres, há neve na praia e está sempre, sempre muito sol.

E tão bom como viajar é voltar para casa e sentarmo-nos cheios de saudades, bem perto de quem gostamos, a partilhar as nossas aventuras.

Boas férias a todos e Boas Viagens.

Um bj da tia Xica