segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Hoje começou o Outono

Hoje começou o Outono.
O dia nasceu enevoado parecia que ía chover.
Lá se foram os dias quentes, claros e compridos, pensámos!
Mas mesmo no primeiro dia de outono o sol não se fez rogado e apareceu a brilhar, quente e forte como num dia de Verão.
Lembrámo-nos do poema de Cecília Meireles:

Ou isto ou aquilo

Ou se tem chuva e não se tem sol,
Ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel;
Ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,
Quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa
Estar ao mesmo tempo nos dois lugares!

Carmo

2 comentários:

Mário disse...

Carmo
Quem dera ter o dom da ubiquidade. Mas esse, acho que nem os deuses têm, porque sempre residiram no Olimpo, e quando desciam à Terra corriam o risco de se verem substituídos por outros, quando voltassem, ou as mulheres fecundadas por outros deuses, na ânsia da escalada do poder celestial.

O equinócio é o símbolo da equidade: dia igual à noite, igual em todo o mundo. Ou, melhor dizendo, o símbolo da utopia, esse "não-lugar", onde a ambrósia e o néctar jorram, acessíveis aos mortais, como a sapiência e a quietude.

Apesar de ser a estação do agravamento das depressões, como todos os momentos de transição em que o bicho-homem se sente frágil, a melancolia que transporta é doce e leve, como o desejo do regresso às aulas, do forrar livros, do re-iniciar um novo ciclo.

O ano começa, verdadeiramente, a 23de Setembro...

Mário disse...

E não posso deixar de relembrar o poema de Paul Verlaine, que foi a senha para o desembarque na Normândia, a 6 de Junho de 1944, ponto de viragem na II Grande Guerra:

Les sanglots longs
des violons de l'automne
blessent mon cœur
d'une langueur monotone.