sexta-feira, 5 de setembro de 2008

PLANTAR UMA FLORESTA

Quem planta uma floresta
planta uma festa.


Planta a música e os ninhos,
faz saltar os coelhinhos.


Planta o perfume das seivas e das flores,
solta borboletas de todas cores.


Planta abelhas, planta pinhões
e os piqueniques das excursões.

Planta a cama mais a mesa,
planta o calor da lareira acesa.

Planta a folha de papel,
a girafa do carrossel.

Planta barcos para navegar,
e a floresta flutua no mar.

Planta carroças para rodar:
muito a floresta vai transportar.

Planta bancos da avenida:
descansa a floresta de tanta corrida.

Planta um pião na mão de uma criança:
a floresta ri, rodopia e avança.

Luísa Ducla Soares

1 comentário:

Mário disse...

Poema bonito, como todos os que aqui aterram.

Mas por vezes não nos deixam plantar, nem semear, nem regar.

Por vezes o faz-de-conta toma conta da gente graúda, e transforma a vida da gente miúda num molho de bróculos! Ah, bróculos. Já cá estamos na agricultura, novamente.

Plantemos, então. Plantemos sempre. Mesmo que nos proibam, torpedeiem, humilhem ou não compreendam. Plantemos sempre. Na esperança que a semente germine, sem hipocrisias, manipulações, cinismos e narcisismos.

Mas defendamos as nossas plantinhas até ao fim. Por cima de nós mesmos. À custa de nós mesmos. Com o sacrifício de nós mesmos.

Porque das plantas nascerão as árvores, que morrem de pé. E das árvores as florestas, que têm lobos maus, mas também caçadores intrépidos. E da nossa seiva brotarão ramos e folhas, flores e sementes, que darão vida a novas vidas, transportando no ADN a raiz da coerência.

Que bom que era, se a vida real fosse um conto infantil. E o mundo fosse justo e bom. E o certo fosse reconhecido como certo e o errado como errado. No tempo em que os animais falavam... mas mantinham a pureza dos animais na elaboração sofisticada dos humanos. Era uma vez...

São quase três da manhã. Os rouxinóis começam a cantar. E os pássaros mais belos nas mais belas flores, serão maiores que o maior dos senhores.

Bom fim de semana!