"A criança desenvolve-se por etapas com características próprias, cada uma com um início e um fim bem marcado. O completo desenrolar de cada etapa depende do correcto desenvolvimento da etapa anterior e condiciona a etapa seguinte.
Cada fase de desenvolvimento permite que a fase imediata surja, mas não se consome nessa transformação: subordinada hierarquicamente, persiste toda a vida, como se de uma rocha sedimentar, em camadas se tratasse.
O desenvolvimento é um processo activo, em que a cada momento se defrontam as características inatas, o ambiente e um conjunto de experiências que se vão tornar parte integrante do património individual de cada criança."
Cada fase de desenvolvimento permite que a fase imediata surja, mas não se consome nessa transformação: subordinada hierarquicamente, persiste toda a vida, como se de uma rocha sedimentar, em camadas se tratasse.
O desenvolvimento é um processo activo, em que a cada momento se defrontam as características inatas, o ambiente e um conjunto de experiências que se vão tornar parte integrante do património individual de cada criança."
Emílio Salgueiro*
As crianças surpreendem-nos todos os dias, não há um dia igual ao outro.
Todos dias há conversas, novidades, trabalho, tristezas, mimo e alegrias.
A criança que nos é próxima dá-se a conhecer, tanto na parte cognitiva como na parte afectiva e vai crescendo e passando pelas diferentes etapas de desenvolvimento.
A criança quer saber, conhecer, experimentar, controlar, apropriar-se, desde o momento em que nasce.
Cada etapa do desenvolvimento da criança vai permitir que esta o faça de um modo adaptado à realidade exterior, à existência do outro, à família e à escola.
Externato Santa Teresinha de Lisieux
*Comunicação apresentada no Encontro Nacional de Pediatria, 1979
5 comentários:
Se substituirmos a palavra criança por "nós", sendo o "nós" as pessoas de qualquer idade, a ideia de Emílio Salgueiro continua a fazer todo o sentido.
Já agora, que o menciona, não posso esquecer-me das suas aulas sobre Ícaro, os toiros e as pombas de Picasso, o Principezinho e tanta coisa mais.
É um grande senhor da pedopsiquiatria infantil, e o seu pensamento, na minha opinião, está muito para lá das vulgares querelas do dia-a-dia. Talvez por isso seja tão profundo.
Não posso deixar de dizer também que, nesse Congresso, realizado no Ano Internacional da Criança, foi finalmente aceite que os pais poderiam acompanhar os filhos durante o internamento nos serviços de pediatria.
E dizendo isto, tenho de prestar homenagem ao meu Pai, professor de pediatria e um dos impulsionadores mundiais da Pediatria Social, companheiro de Robert Debré, Natalie Masse ou Winnicott, que foi uma das pessoas que mais lutou para que esse objectivo fosse conseguido.
Não está já cá para ler este blogue... ou estará, quem sabe?!
Bem pensado.
Embora já não tenha aulas com o professor Emílio Salgueiro de vez em quando entro no auditório sento-me e fico a ouvir e a pensar.
Fala das crianças, dos adolescentes e dos adultos com conhecimento de causa.
Realmente o seu pensamento é superior, superior porque pensa e fala com respeito. Um respeito que lhe é inato e a que acrescentou estudo, trabalho, ensino, partilha e relacionamento, superior porque embora ocupadíssimo continua a ter tempo para ouvir...
O que é mais incrível é penasr que o Ano Internacional da Criança ocorreu há menos de trinta anos. E desde essa altura o conhecimento sobre o desenvolvimento e os sentimentos das crianças aumentou de forma exponencial.
Os antigos "comem e dormem" passaram à condição de pessoas, primeiro, e de cidadãos, depois.
É nessa perspectiva que temos de ver a sua presença no mundo - sem malícia, sem maldade, sem narcisimos impróprios para a idade, mas apenas com o espírito de equidade, inclusão e não-discriminação que o projecto "Nós e o Mundo", subscrito de corpo e alma pelo Colégio, conseguiu agarrar com o maior sucesso.
Um dia o meu Pai disse: "O que desejo para o filho da minha empregada não é que seja meu empregado, mas sim meu colega."
Subscrevo inteiramente.
A compreensão do outro, do seu sentir, e de nós próprios nos permitirmos conhecer e compreender os outros´é isenta de juízos de valor de apreciações imediatas pouco ou nada pensadas.
A compreensão é enriquecedora, reduz barreiras e aumenta afectos.
O bom relacionamento, a amizade e os afectos fazem parte da nossa maneira de estar e assim queremos continuar, para que todos possamos crescer felizes!
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