quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

2009

Bom Ano
Eva Armisén

4 comentários:

Carmo disse...

Um Bom Ano, muito feliz para todos,
Cá estamos 2ª feira à vossa espera.

Santa Teresinha de Lisieux e Santa Maria do Mar

joaninha disse...

Novo Calendário, renovação das estações, um saber de mais experiência feito e a esperança de um Homem novo - a começar por nós. De tudo o que sonhei na infância pura, de tudo quanto mais ansiei de puro e de belo, renasce agora e ofereço a quem mais estimo. Bom Ano.


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)


Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.


Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

Carmo disse...

Bom Ano a todos aí em casa.

Carlos Drummond de Andrade, grande poeta brasileiro, ,o Brasil tem grandes poetas, músicos, cantores, artistas!

Infância

Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras
lia a história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acaba mais.

No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala – e nunca se esqueceu
chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.

Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
- Psiu... Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro... que fundo!

Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.

E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Crusoé.

Carlos Drummond de Andrade © Graña Drummond

Francisca Prieto disse...

0051971Que o 2009 traga a todos muita paz.

Um dia destes, com a casa de pantanas, miúdos aos saltos e etc, pensei que precisava absolutamente de estar em paz. E por coincidência, esbarrei com este parágrafo de Cidadela, de Saint-Exupéry, que tão bem define o que me vai na alma:

"Meditei muito tempo sobre o sentido da paz. A paz tão-somente deriva dos filhos paridos, das colheitas arrecadadas, da casa enfim arrumada. A paz vem-nos da eternidade em que ingressam as coisas acabadas, perfeitas. Paz dos celeiros cheios, das ovelhas que dormem, dos lençóis dobrados, paz que apenas da perfeição nasce, paz do que se torna oferenda a Deus, uma vez bem-feita".

Bolas, ainda tenho muito que arrumar para ficar em paz!