Fundo do Mar
No fundo do mar há brancos pavores,
Onde as plantas são animais
E os animais são flores.
Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo-marinho.
Um polvo avança
No desalinho
Dos seus mil braços,
Uma flor dança,
Sem ruído vibram os espaços.
Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.
Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.
Sophia Mello Breyner Andesrsen
5 comentários:
Bela imagem do Baleal, aliás, da Papoa vista do Baleal.
Não há local melhor para encontrar o mar, em todas as suas formas e cores.
E grande, enorme SophiaTambé é dela
Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto do mar.
De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.
"As ondas quebravam uma a uma
Eu só estava com a areia e a espuma
Do mar que cantava só para mim."
Assim estive eu no fim de semana, enquanto o Zé treinava, deitei-me numa rocha com a minha mantinha e fiquei a ouvir o cantar do mar.
O treino durou 3h, e 3h ali fiquei no mais profundo descanso.
Ir para a praia com a mantinha do sofá...ora aí está uma ideia que ainda não me tinha passado pela cabeça!
Mas sou bem capaz, mesmo cá em casa, de fechar os olhos e sentir o cheiro da maresia enquanto oiço o rebento das ondas...não há nada mais Zen, também adoro o mar!!!
Nos treinos de Inverno está sempre uma humidade que se entranha nos ossos e que só passa com uma sopa a ferver e bem grossa.
O que fazer quando um filho adolescente nos pede para assistir ao treino e ver cada manobra?
Duas soluções:
- Fugir a sete pés
- Termos ideias brilhantes, uma mantinha, cachecol obrigatório, forro polar, um blusão forte e um cão, que além de nos proteger dos malfeitores é uma fonte de calor quando se deita ao nosso lado.
Ao som do mar atingimos um estado Zen que nem damos pelo tempo passar e enchemos o nosso filho de orgulho e felicidade.
Dizem que convém absorver a energia do mar voltando as palmas das mãos para ele, na vertical com a areia.
Foi assim, Tia Cacá, ou as luvas eram tão grossas que nem dava para ver se eram as palmas das mãos ou as plantas dos pés?
Bom, se ficou zen, deveriam mesmo ser as palmas...
Parte dessa energia esperamos que transmita às plantas do jardim, que por sua vez as darão aos nossos meninos, que por sua vez nos darão a nós.
Sentiremos, assim, o seu mar. Sem sair de casa e mantendo a manta no sofá.
Mas no próximo fim-de-semana, com sol e céu azul - mar, aqui vamos nós!
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