Estava no recreio, à hora do almoço, a tratar das flores quando se rompeu uma luva e enquanto falava com os meus botões, disse alto:
- Já ??? São mesmo de má qualidade!
Ouvi uma voz muito calma e doce atrás de mim:
- Sabe Tia Cácá é como na história da menina com orelhas de borboleta, lembra-se? Ela tinha a meia rota mas não era a meia que era velha , o dedo dela é que era curioso. A luva rompeu-se porque a Tia Cácá já trabalhou muito no jardim.
Obrigada meu bom Amigo.
6 comentários:
E eu que estive durantes breves momentos a espreitar a Tia Cacá e a Ana na jardinagem, inspirei-me e fiz uma canção:
"Olha planta uma flor,
ora planta só mais uma.
Que lindo fica o jardim,
Não falta plantar nenhuma!"
Fui ter com elas e cantei-lhes a canção! A Tia Cacá disse-me logo "a música está-lhe mesmo no sangue"...
Claro, não fosse eu a Maria da Viola!!! :D
Eu acho é que a tia Cácá é como a menina da história. Tem mas é umas mãos muito curiosas. Por isso é que os dedos saltaram logo da luva nova.
E quando lhe virem uns sapatos mais velhotes, saibam desde já que não é da crise. É por serem sapatos muito viajados.
Hum... essa conversa parece-me familiar... será essa voz a do menino que ouço por cá por casa todos os dias?
Beijinhos e bom fim-de-semana!
Coração de mãe é assim, até adivinha!
Beijinhos a todos
Será que nós, pais, também nos vamos gastando na proporção directa do uso que fazemos das nossas competencias parentais?
Será que, tal como as luvas, se nos expusermos muito e se nos dermos muito, nos rompemos, fragilizamos e ficamos em risco?
Cogitações... meras cogitações... mas às vezes assalta-me um sentimento quase masochista de gostar de me derreter, assim, com as crianças, mesmo sabendo ou pensando que, eventualmente, me vou esgotando com o decorrer do tempo.
"Na natureza nada se perde, mas nada se ganha, tudo se transforma" - seria Lavoisier, pai?
Acho é que se está a derreter de mimo...e isso é muito bom!
Temos esta capacidade de adaptação extraordinária, passamos de crianças a adultos responsáveis num ápice, porque não darmo-nos ao prazer de retirar da vida o melhor que ela tem, os afectos. O amor dos filhos, dos pais e de quem nos é querido.
A transformação mais deliciosa e divertida que tenho vindo a assistir, é ver como pais autoritários e pouco disponíveis afectivamente, se transformaram em avós carinhosos, compreensivos e sempre disponíveis para os netos.
Só o que é menos agradável é que nos consome.
Acho que vai continuar eternamente jovem, rodeado de filhos... e netos, ah! ah! ah! ( lol?!), parece que é assim que dão gargalhadas!!!
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