sábado, 15 de novembro de 2008

Poesia para Pais

Como é fim de semana e já merecemos descanso, aqui fica um momento de lazer e prazer.

LIBERDADE


Ai que prazer,
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.

O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...


Fernando Pessoa

7 comentários:

Francisca Prieto disse...

Que belo poema!

Tenho é pena que só o venha a poder personalizar num fim de semana do ano 2020.

Para já, a versão cá de casa deste mesmo poema consiste no seguinte:
(perdoem-me a métrica aldrabada mas teve de ser escrito enquanto as musas inspiradoras dormiam a sesta).

Ai que prazer
Não cumprir um dever
Ter um biberon para dar
E deixar a Rita a berrar

Banhos? Para quê??
Se se vão sujar outra vez.
E o eterno piolho do Manel
Que na cabeça permanece teimoso
Agradece num salto bem alto
A ausência de Quitoso.

A Varicela da Xiquinha,
Essa vive sem Caladril
Vai ficar bem nas fotos
Que nos pediram
Para uma campanha infantil.

O Sol dourará
Com ou sem literatura
E o jantar hoje será pizza
Esteja boa ou esteja dura.

Carmo disse...

Versejas-te!!!

Teresa disse...

Tia Xica, muito obrigada pelas belas gargalhadas :)))

Como eu me revi na sua versão parental deste poema!!!

Unknown disse...

Espantoso, espantoso, Xica, é como apesar de tudo não perdeste a inspiração!!!
Isso deve querer dizer que o sentido de humor consegue levar a melhor e que vale a pena esperar até ao tal ano 2020, não é?!
Tia Gui

Carmo disse...

Tia Gui, a benfeitora!!!

Que honra uma visita ao nosso blog.

Para quem não sabe a Margarida é a minha irmã mais velha, a 1ª de cinco filhos.

Ao longo da vida dos colégios tem estado presente das mais diferentes maneiras.

Sabiam que quando abriu o Santa Teresinha, o Santa Maria na Alameda e agora na casa cor de rosa, a Tia Gui esteve sempre pronta a ajudar: limpar, carregar caixotes, montar salas e até decorar?

No dia 31 de Agosto, Domingo, em véspera de abertura do novo ano lectivo era quase meia noite, quando a encontrei com a Ana Pimentinha a regar as plantas e a lavar o recreio com todo o vigor.

Obrigada por tudo mana, bem hajas!

Francisca Prieto disse...

No outro dia não me lembrei, mas é verdade que cá em casa instituímos duas coisas para também nós retiramos prazer de deixar de cumprir deveres.

Temos instituído:

- O Dia Internacional da Porcaria, que consiste em deixá-los não tomar banho.

- Dia Internacional da Preguiça, que consiste em ficarem de pijama um dia inteiro.

Tento, claro, que percebam que são eventos anuais. E é frequente a pergunta "Mãe, hoje não pode ser o Dia Internacional da Porcaria?"

Mário disse...

Francisca
Só um poema destes para fazer soltar uma gargalhada no final de um extenuante dia!
E obrigado pela ideia dos Dias Internacionais - só num breve minuto ocorreram-me mais de 400 - como fazer? Criar anos mais que bissextos?

Mas o que mais ansiava era o Dia Internacional de Poder Dormir sem ser acordado por sonhos maus, tosses secas e molhadas, pai posso ir à casa de banho, pai quero água, legos às sete da manhã ou relatos de um qualquer Benfica-Estrela da Amadora com gritos sonoros a cada golo (cerca das sete e meia de sábado).

Ou o Dia Internacional de Pai vamo-nos deitar e não precisa de contar histórias, nem a "de abrir", nem a "de fechar, nem a "de trancar". E o pai pode ficar com os nossos chocolatinhos da noite...

Fantasias ou delírios de um fim de dia extenuante...