terça-feira, 14 de outubro de 2008

Matemática, jogos e afectos

As crianças têm um conhecimento informal e intuitivo da matemática desde muito pequenas.
Nas suas experiências diárias, sózinhas, na brincadeira com os amigos ou quando conversam com os adultos estão a adquirir conhecimentos matemáticos.


Com os jogos de construção, blocos de encaixe e outros materiais, a criança vai explorar e aprender a encaixar, a distinguir, a comparar e classificar formas. Estão a aprender conceitos e a desenvolver capacidades espaciais.

Na sua actividade diária as crianças pequenas vão assim experimentando informalmente conceitos matemáticos.

Neste contexto, a matemática informal é entendida não só como as habilidades e conhecimentos que as crianças adquririram fora da escola como também os conceitos que desenvolvem na escola sem serem ensinados. Becker e Selter (1996)

Como tal, a matemática informal é baseada na construção activa do indivíduo que é tanto encorajado como constrangido pelos factores sociais e culturais.

Externato Santa Maria do Mar

Becker, J.P. e Selter, C. (1996) Elementary School Pratices, Londres: Kluwer Academic Publishers.

6 comentários:

Mário disse...

Sendo o cérebro um computador (ou ao contrário...) que analisa os dados de forma dicotómica e com leques de opções múltiplas; sendo os órgãos e células do corpo sujeitas a forças e requisitos, e funcionando de modo biomecânico; sendo a moral e a ética, bem como os sentimentos, movimentações gradativas e pendulares, só espanta como ainda é preciso ensinar matemática...

A matemática e a música seguem par a par. E embora uma criança que recebe a primeira semanada fique embasbacada quando tem de optar entre uma moeda de 2€ e duzentas de um cêntimo, sem perceber que fica igualmente rico (domínio do abstracto e simbólico), a matemática prática e concreta começa desde o primeiro dia: a desilusão com a mãe que não dá peito logo a seguir ao primeiro choro, mede-se, para o bebé, pelos minutos, perdão, pelos segundos, que demora a chegar...

Tudo isto para dizer que se a Matemática continua ser um bicho-papão, enquanto disciplina, com os resultados que sabemos, é porque é muito mal ensinada, porque está virada para problemas e questões que nada têm a ver com a vida, e porque não há coragem política e corporativa de a implodir e fazer renascer de novo.

Eu detestava Matemática, até chegar ao antigo 6º ano (actual 10º) e ter um professor, Jaime Leote, que me ensinou como a Matemática está em nós e é bela. Chamavam a esse ensino, no Liceu Pedro Nunes, em 1971, "Matemática Moderna". Passados 37 anos... e mais não digo!

Mário disse...

E já agora uma história: procurava-se numa empresa um novo gestor.
Concorreram um economista, um advogado e um político. A pergunta do presidente foi: "quanto é 1+1?".

O economista respondeu: 2
O advogado respondeu: tanto pode ser dois como 11.
O político respondeu: é o número que V. Exª quiser.

Quem ganhou o lugar?

Elisete disse...

Quem ficou c/ o lugar, não sei. Mas sei que se eu fosse o presidente, ficaria o advogado. E olhem que eu sou de Matemática ...

Mário disse...

Elisete.
Engano.
Quem ficou com o lugar foi um primo do cunhado de um ministro, que nem sequer tinha ido a concurso!

Elisete disse...

Pois ... Então sempre foi o "político" ...

Rui disse...

A dificuldade da Matemática está na disponibilidade mental que ela requer. Requer contemplação, no sentido de abstracção e de tempo ilimitado, ou pelo menos não cronometrado, porque cada um de nós tem ritmos, conhecimento, prática, capacidade de concentração diferentes.

O ponto difícil de ultrapassar com as crianças e os mais crescidos (adultos incluídos!) é a motivação para “desperdiçar esse tempo” e nos dias que correm tempo para pausa, reflexão, silêncio é cada vez mais escasso.

“Difícil é Motivá-los”. Sentados ou de pé tanto faz ;-)

Depois é como fazer aqueles jogos de labirintos (não fossem eles um seu produto) que vêm nas caixas de cereais e onde temos que encontrar o caminho que leva o rato ao queijo. A primeira impressão é: “que confusão! Um monte de linhas!”. Continuando, olha-se para a entrada do labirinto e começam-se a congeminar possíveis rotas. Após algum tempo o queijo está mesmo perto, "está quase!". Quando finalmente chegamos ao queijo é o orgulho de prova superada - realização, auto-estima.

Claro que também tem alguns segredos... um deles é praticar, porque as perspectivas com que os problemas se apresentam não são ilimitadas e ainda menos os problemas.